Na primeira conferência do Curso de Formação Continuada, Evandro Pereira Valadão observou a necessidade de revisão de ações e objetivos dos tribunais tendo em vista a nova realidade orçamentária da Justiça do Trabalho

_O2A7467A oitava edição do Curso de Formação Continuada (CFC) teve início nesta segunda-feira (4) com a palestra do desembargador Evandro Pereira Valadão, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ). O magistrado abordou o planejamento estratégico como instrumento essencial na administração judiciária dos tribunais.

De acordo com o desembargador, uma boa gestão começa com o correto aproveitamento do tempo. “É importante que o administrador tenha hora para terminar o expediente a fim de ficar com a família”, observou. “Isso é possível mesmo para um presidente de tribunal”.

Valadão destacou também os desafios que a Justiça do Trabalho terá pela frente em razão da crise econômica. Para ele, após a promulgação da Emenda Constitucional 95 (que criou teto para os gastos públicos), é inevitável que ações e objetivos estratégicos sejam revistos. “A meta é achar maneiras de ampliar os serviços com menos recursos, mais eficácia e eficiência”.

Outra mudança necessária, na visão do desembargador, passa pela qualidade do serviço. Segundo Valadão, o jurisdicionado deve ser tratado como o principal cliente da Justiça do Trabalho. Ele lembrou que entregar sentenças é apenas parte da missão do Poder Judiciário. “A percepção acerca da Justiça não vem só com a decisão sobre um processo. É preciso atendimento correto ao público e acesso adequado às informações”, enfatizou. “Há casos com um espaço de cinco anos entre a decisão julgada e a assinatura do magistrado para propiciar o recurso. Isso é terrível para a nossa imagem”, afirmou.

Valadão citou a Emenda Constitucional 19/1998 e a criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como referências na tentativa de conferir eficiência à Administração Pública. “O CNJ nasceu do revanchismo de parlamentares que queriam um órgão de censura. Contudo, se transformou em um indutor de políticas públicas”, lembrou o desembargador, que citou a Resolução 70/2009 como uma grande contribuição do órgão ao Poder Judiciário. “Ela apresenta um novo rumo com a criação dos núcleos de estatística e de gestão estratégica”.

O desembargador ainda desconstruiu o mito de que o excesso de recursos seja a solução para os problemas. “A escassez é ruim, mas a abundância é perigosa. Ela pode levar à falta de foco no negócio”. Para ele, os conceitos para a administração privada de hoje servem para administração pública. “Qualquer negócio necessita de gestão, planejamento, rotinas bem definidas e papeis bem definidos”.

Ao usar os ensinamentos de Peter Drucker, guru da ciência da Administração, Valadão encerrou a exposição lembrando que todos que compõem um tribunal devem assumir a responsabilidade pelo sucesso do trabalho. “Como posso contribuir para o que precisa ser feito? Onde e como posso atingir resultados que façam a diferença? É isso que temos que fazer todos os dias. Desde o servidor da vara até o presidente do tribunal”, concluiu.

(RT/CF)