A tônica foi a importância do olhar humanizado na relação entre as partes

 

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O antropólogo Roberto da Matta e o desembargador aposentado Márcio Túlio Viana, do TRT da 3ª Região, ministraram nesta segunda-feira (29) a aula “Relacionamentos interpessoais na jurisdição: ícone, parceiro ou amigo? Você sabe com quem está falando?”, no 24 º Curso Nacional de Formação Inicial (CNFI) da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat). A aula contou ainda com a participação, por meio de videoconferência, do sociólogo Jessé de Souza.
Olhar humanizado
Com mais de 20 anos de exercício da magistratura, o desembargador Márcio Túlio ressaltou a importância de buscar um olhar humanizado na relação entre o juiz e as partes, em que a figura do juiz se reveste de um simbolismo de autoridade ao presidir as audiências. “Temos de estar mais próximos no linguajar, atentos à realidade que nos cerca nas salas de audiência e decifrar o desejo oculto que existe no pedido de horas extras ou de indenização”, observou. Segundo ele, muitas vezes, o que existe, principalmente nas pessoas mais humildes, é o desejo de apenas ser publicamente reconhecida e respeitada. “Vocês, novos juízes do trabalho, precisam ser cuidadosos ao enxergar o outro, pois estão atuando para reduzir um pouco a desigualdade social”.
Papel social
O antropólogo Roberto DaMatta enfatizou as diferenças de poder na história e a evidente relação entre os papéis sociais e os grupos e os costumes nos quais o cidadão está inserido. “O mundo humano não é simples”, afirmou, ao chamar a atenção para a enorme diversidade humana. Segundo o antropólogo, a mudança não é fácil, mas o apego às certezas também não. “Somos seres incompletos, mas frutos dos papéis que escolhemos”.
Sociedade polarizada
O ministro Augusto César Leite de Carvalho, que presidiu a mesa, ressaltou a importância da participação do juiz e de sua missão de resolver conflitos “nessa sociedade tão polarizada”. Para isso, o ministro acredita que a visão de mundo do juiz deve buscar abranger as várias percepções da sociedade em que estamos imersos.

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Segurança pessoal e redes sociais
No período da tarde, os juízes tiveram a oportunidade de debater a importância da segurança pessoal e familiar e as redes sociais, em aula ministrada pelo delegado da Polícia Federal José Fernando Chuy.
Na sequência, participaram do laboratório de Alteridade I, que abordou o relacionamento com as partes e advogados no foro, coordenado pelo juiz e conselheiro da Enamat Homero Batista (TRT2).

 

(AS/CF)