Todo trabalho é digno? Essa foi a principal pergunta do painel desta sexta-feira (23) no 25° Curso Nacional de Formação Inicial (CNFI) da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat). O ministro do Tribunal Superior do Trabalho Evandro Pereira Valadão Lopes, o desembargador Marcelo Augusto Souto de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1° Região (TRT1) e o Doutor em Psicologia Social Fernando Braga da Costa falaram sobre os magistrados e a invisibilidade pública.

_78I7960Cegueira social
O termo “invisibilidade pública” foi criado a partir de estudo iniciado em 1994 por Fernando Braga, que atuou em profissões subalternas com o objetivo de pesquisar as diferentes reações sociais para cada atividade. Durante os anos de estudo, Braga identificou que as categorias profissionais com menos necessidade intelectual têm dificuldades de serem percebidas no cotidiano. “É apenas quando se tira a máscara da profissão que se cria uma possibilidade de comunicação real entre pessoas de diferentes classes sociais”, afirmou.
Para o desembargador Marcelo Augusto Souto, a invisibilidade pública distancia as pessoas uma das outras. “A invisibilidade e o preconceito apagam as pessoas, sobretudo, devido às diferenças individuais”, avalia. Para ele, essas diferenças precisam ser trabalhadas em cada um para que a subalternização do trabalho se dilua ao longo dos anos.
De acordo com o ministro Evandro Pereira Valadão, a invisibilidade existe apenas em quem a atribui, pois cada ser humano sabe o valor que conserva. Para ele, a alteridade, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, deve ser o primeiro passo para que todas as categorias se tornem visíveis.

_78I7905Papel do magistrado
O desembargador Marcelo Augusto ressalta que, para ser um bom juiz, é necessário, primeiramente, ser uma boa pessoa. “Cada magistrado deve ter empatia com o próximo e a obrigação de trabalhar todas as suas cegueiras sociais para se tornar um bom julgador”, ressaltou. Segundo ele, o papel dos novos magistrados é aproximar ainda mais o Judiciário das diferentes realidades sociais, ampliando, com isso, a alteridade e o alcance da justiça.
(Caio Guedes / CF)