Advogados que batem no cliente, testemunhas que “fogem” quando o juiz sai da sala de audiência para ir ao banheiro, depoente que rasga a ata de audiência na hora de assiná-la, ex-patrão que usa palavrões na tentativa de fazer um acordo, advogada com tique nervoso que parece estar fazendo sinal para o cliente durante depoimento. “Saias justas” desse tipo fazem parte da rotina de trabalho dos juízes de primeiro grau, que têm contato direto com patrões, empregados, advogados e testemunhas diariamente, nas audiências de conciliação e instrução. Sob um título sério – “A Consolidação das Experiências da Magistratura” -, mas com uma proposta descontraída de troca de ideias, três magistrados de carreira, hoje ministros do Tribunal Superior do Trabalho, conversaram com colegas iniciantes sobre questões que não caem em concurso nem estão nos livros de Direito.

Os ministros Maria de Assis Calsing, Walmir Oliveira da Costa e Augusto César de Carvalho foram os condutores da mesa-redonda, realizada hoje (20) na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat), em Brasília, como parte da programação do 9º Curso de Formação Inicial para juízes recém-ingressos na carreira. Dos “causos” engraçados a atitudes que contribuem para o desenrolar tranquilo de audiências de conciliação e instrução e otimizam a rotina de trabalho, os três ministros deram aos novos juízes material e oportunidade de refletir sobre as peculiaridades da atividade do magistrado.

A ministra Calsing, que, ao ingressar na carreira já era mãe de dois filhos e teve mais dois, falou também de sua maneira de conciliar a carreira com a família – ponto importante, pois a turma do 9º CFI é formada majoritariamente por mulheres (28, para 18 homens, e a maioria delas com idadade entre 25 e 35 anos). O ministro Walmir lembrou que a magistratura exige dedicação integral, mas não exclui a necessidade do constante aperfeiçoamento do juiz inclusive em termos acadêmicos. O ministro Augusto César, o mais novo do TST, partiu de suas dificuldades concretas vividas no início de sua carreira (“coisas que não me ensinaram”) e abordou diversos pontos que podem ajudar o jovem juiz a atuar de forma mais eficiente.

(Carmem Feijó)