O médico João Alberto Maeso reiniciou esta manhã (11/09) o Seminário Sobre Acidente do Trabalho e Saúde Ocupacional, realizado pela Emat18. O palestrante, presidente da Associação Latino Americana de Saúde Ocupacional e perito da justiça do trabalho desde 1978, discorreu sobre a metodologia do processo pericial. Segundo ele, a perícia é um ato médico e, como tal, deve-se garantir a liberdade do profissional. O médico defende que, no momento do exame, devem estar presentes apenas o perito, o periciado e o assistente técnico. “Advogado não entra”, enfatizou.

João Alberto alertou para a necessidade de se desenvolver uma metodologia padrão de trabalho, que uniformize a conduta do perito de forma a produzir pareceres com menor margem de erro. Uma atitude importante que deve ser levada em conta, ressaltou o palestrante, é evitar qualquer envolvimento emocional na avaliação médica pericial. O médico sugeriu também o uso da fotografia na composição do laudo, mas ponderou que o procedimento deve ser autorizado previamente pelo periciado.

Depressão no trabalho

Na segunda parte da manhã, a palestra ficou a cargo do médico especialista em psiquiatria, Duílio Antero, que abordou a relação entre as doenças mentais e o ambiente de trabalho. O médico, mestre em saúde mental pela Unicamp, fez um histórico dos transtornos ocupacionais de cada década: enquanto nos anos 80 esteve em evidência o chamado PAIR (Problemas Auditivos Induzidos por Ruídos) e na década de 90 a conhecida LER/DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), hoje se vive “a era da ansiedade, em que se multiplicam os vários tipos de depressão”, classificou.

De acordo com o palestrante, entre as principais enfermidades causadoras de incapacidade hoje no Brasil estão, em terceiro lugar, os transtornos mentais, perdendo apenas para as doenças do sistema osteomuscular e para as lesões provocadas por causas externas. Segundo Duílio, entre os tipos de distúrbios psíquicos, as depressões são as mais frequentes e atingem sobretudo as mulheres. Em seguida, estão os transtornos neuróticos, como o stress pós-traumático que atinge vítimas de tortura, estupro, desastre ou acidente grave. Em terceiro lugar, está o alcoolismo que tem como grupo de risco as atividades desprivilegiadas ou entediosas.

Fonte: Emat-18