_78I4973Assunto foi discutido na 3ª Reunião do Sistema Integrado de Formação de Magistrados do Trabalho

A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT) realizou nesta segunda-feira (3), em Brasília, a 3ª Reunião do Sistema Integrado de Formação de Magistrados do Trabalho (SIFMT). Cerca de 55 magistrados acompanharam a palestra do desembargador Sérgio Murilo Rodrigues Mendes, do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), sobre as diferentes gerações que existem dentro da magistratura do trabalho.

O desembargador destacou que a Justiça do Trabalho passou por três fases: a feminização, há cerca de 30 an  os, quando as mulheres passaram a atuar como juízas; a juvenilização, há cerca de 20 anos, quando os jovens viram a magistratura como uma oportunidade de carreira; e a elitização, há cerca de 10 anos, quando os candidatos viram o concurso para juiz do trabalho como oportunidade de altos salários e status social.

Diferentes gerações

_O2A7606Segundo Sérgio Rodrigues, pelo menos quatro gerações já foram reconhecidas pelas teorias da Administração e da Sociologia, e a vontade de estudar mais profundamente o tema surgiu de reuniões internas em seu Tribunal. Na palestra, ele explicou as particularidades de cada uma delas.

Os chamados veteranos nasceram até 1945 e tinham valores (como a lealdade) bem rígidos. Acreditavam que o trabalho duro deveria preceder o prazer.

Os Baby Boomers, nascidos até 1964, tinham empregos duradouros, acreditavam na hierarquia e tinham o trabalho “acima de tudo” e uma vontade de continuar produzindo mesmo depois da aposentadoria.

Os nascidos entre 1965 e 1979 são a chamada Geração X. Eles têm perfil mais revolucionário, acreditam nos direitos sociais e sabem a importância do dinheiro. Desconfiam da hierarquia, mas respeitam-na e trabalham bem em equipe.

Já a chamada Geração Y, formada pelos nascidos entre 1980 e 1990, é mais flexível. Reúne pessoas competitivas, autoconfiantes, individualistas, que buscam desafios e esperam ser reconhecidas por suas habilidades e talentos. Exigem feedbacks contínuos, questionam ordens sem justificativa e não têm o trabalho como objetivo principal de vida.

Conflitos

A entrada da Geração Y na carreira da magistratura do trabalho gerou conflitos, na opinião do desembargador do TRT-9, que atualmente está na faixa dos 50 anos. Mas ele faz uma ressalva. “Estamos tratando de jovens vitoriosos. Eles são altamente preparados, bem formados e ultrapassaram a enorme dificuldade que é um certame para a magistratura”.

Reflexões

_O2A7703Para o diretor da Enamat, ministro Vieira de Mello Filho, é preciso saber trabalhar com esses desafios. “Quando entrei na magistratura, tínhamos uma ideia de justiça e, hoje, ela é completamente diferente, mas não sabemos se mudou para melhor ou pior. Precisamos nos adequar a esse desafio, e o caminho é a educação”, afirmou.

Dialógo

“Há antigos que pensam como os novos e novos que pensam como os antigos”, observou o vice-diretor da Enamat, ministro Augusto César Leite de Carvalho. Ele destacou, como exemplo, o nível de alguns candidatos na prova oral do I Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da Magistratura do Trabalho, encerrada em outubro. Como membro da banca examinadora, disse que encontrou candidatos “engajados e bem situados”.

Na sua avaliação, é preciso aprender a dialogar mais. “Estamos habituados, talvez pela questão da independência funcional e da autonomia, a identificar a solução mais adequada de acordo com que nós imaginamos”, ressaltou.

Próximos passos

Ao final da palestra, o ministro Vieira de Mello Filho destacou a importância de encontros como esses para “diagnosticar” problemas e elaborar novos eixos de estudo e de capacitação nas escolas judiciais pelo país e para levar novos temas para debates no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “A construção que devemos ter na escola judicial é colocar o homem como centro e objeto do Direito e, a partir daí, reconstruir o juiz, que faz parte dessa centralidade”, explicou. “

Outros temas como futuros convênios da Enamat, Programa Nacional de Intercâmbio Profissional e Programas Nacionais de Formação Inicial e Continuada dos Magistrados do Trabalho também foram discutidos no primeiro dia da 3ª Reunião do SIFMT, que continua nesta terça-feira (4) no auditório da Enamat.

(Juliane Sacerdote/CF)