O evento de capacitação traz reflexões sobre o tema no âmbito interno da Justiça do Trabalho.

Mesa de abertura. (Foto: Felipe Sampaio - Secom/TST)

Mesa de abertura. (Foto: Felipe Sampaio – Secom/TST)

“Será que eu tenho adotado práticas de gestão violenta? Será que é possível, hoje, fazer diferente?” Essas foram algumas das reflexões  propostas pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, na abertura do Curso de Formação de Formadores (CFF) sobre “Política de Prevenção e Enfrentamento da Violência, do Assédio e de todas as formas de Discriminação”.  

O evento, realizado nesta quarta-feira (17) em Brasília, foi organizado conjuntamente pelo TST, pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) e pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Assessores e Servidores do TST (Cefast), para um público de integrantes da magistratura e ocupantes de cargos de gestão na Justiça do Trabalho.

Para o presidente, a capacitação também é uma oportunidade para voltar o olhar para dentro da instituição. “Estamos habituados a enfrentar casos de violências e assédio no exercício da nossa jurisdição. Mas estarmos aqui é um convite para pensarmos, coletiva e democraticamente, sobre estratégias para construir um ambiente de trabalho saudável e seguro, que respeite a riqueza e a diversidade humana”, afirmou.

Romper paradigmas

Sobre as indagações relacionadas com a atuação do gestor público, o ministro reconhece que não é confortável falar sobre violência e assédio no próprio trabalho, mas o debate é inevitável. “Este é um momento que exige coragem para fazermos essas perguntas, assumindo as desarmonias presentes nos nossos locais de trabalho”, ressaltou. “Façamos esse movimento a partir de uma ética amorosa, pois somente assim conseguiremos romper paradigmas e propor as transformações necessárias para a construção de outra instituição possível”.

Direitos Humanos 

O diretor da Enamat, ministro Mauricio Godinho Delgado, falou sobre a  importância dos temas abordados  para o aperfeiçoamento interno das pessoas que atuam na Justiça do Trabalho. “Apesar do curso  ser destinado ao público interno, ele se propaga pela sociedade”, lembrou. “Precisamos  trabalhar para a progressão dos Direitos Humanos, onde quer que a Justiça do Trabalho esteja”.

Exemplo

O diretor do Cefast, ministro Cláudio Brandão, defendeu que a principal mudança para o enfrentamento das situações que envolvem o assédio, a discriminação e a invisibilidade social está relacionada a uma questão cultural e de valores. “Estamos tendo a oportunidade de refletir sobre o que estamos fazendo para combater o assédio moral na nossa instituição. Condenar os outros é fácil, mas, se não dermos o exemplo, não poderemos cobrar”, enfatizou.  “É imprescindível que esse conhecimento aqui adquirido seja disseminado, porque o conhecimento, sozinho, não significa nada”.

Acolhimento 

A ministra Delaide Miranda Arantes, ouvidora-geral da Justiça do Trabalho, comentou o expressivo número de registros encaminhados ao setor envolvendo denúncias de assédio e discriminação. “Percebemos um aumento significativo de relatos, principalmente no pós-pandemia, dessas práticas que acabam levando as pessoas ao adoecimento mental. Na Ouvidoria, temos sempre adotado uma política de acolhimento a todas e todos que  nos procuram”.

 

Saúde mental 

A formação contou com a apresentação de três palestras. O professor Roberto Heloani, da Universidade de Campinas (Unicamp), abordou a organização do trabalho e a saúde mental no pós-pandemia. A professora Ana Cláudia Chehab tratou da clínica psicodinâmica do trabalho como espaço privilegiado de prevenção e promoção da saúde mental. Por fim, a professora Lis Soboll falou sobre o acolhimento de si e do outro no trabalho.

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Confira a íntegra das palestras:

Oficinas 

Complementando as atividades, no período da tarde foram realizadas duas oficinas simultâneas sobre boas práticas na atuação das Comissões de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e Sexual e Discriminação (CPEAD) e as ferramentas de gestão para a prevenção das formas de assédio e discriminação no âmbito institucional.

(AM/CF)