Imagem da videoconferência de abertura do ano letivo na EJUD8

— Foto: ASCOM8

Em evento inédito e histórico, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e a sua Escola Judicial realizaram solenidade 100% on-line para marcar a abertura do ano judiciário e do ano letivo. A solenidade contou com a participação de mais de cento e cinquenta pessoas, entre desembargadores, juízes, procuradores, servidores e advogados, e teve como ponto alto a conferência do ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.

A mesa de abertura do evento virtual foi composta pela desembargadora presidente Graziella Leite Colares, pelo juiz Platon Teixeira de Azevedo Neto, representando a escola nacional de formação de magistrados do trabalho (ENAMAT) e pelo novo diretor da Ejud8, desembargador Walter Roberto Paro.

Em seu discurso de abertura, a presidente destacou os 80 anos da Justiça do Trabalho, comemorado em 2021, pontuando a localização geográfica da Oitava Região em dois estados da amazônia brasileira com tantas especificidades e desafios em dirimir os litígios fruto das relações de trabalho na amazônia: “Neste ano de 2021, a Justiça do Trabalho completa 80 anos de sua criação, e a Oitava Região teve, desde então, a missão de zelar pelas relações de trabalho em todo o extenso território amazônico, com nossa jurisdição se estendendo até as fronteiras com países andinos e latinos, como Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. Aqui construímos e guardamos boa parte da história da construção das relações de trabalho na Amazônia, com peculiaridades específicas dessa região tão rica em potencialidades.”

A presidente também destacou as mudanças advindas da pandemia com as novas formas de relacionamento, o uso da tecnologia nos ambientes de trabalho remoto e a importância da Justiça do trabalho na solução dos litígios. “Se a tecnologia se mostra como importante elemento de interação em tempos de pandemia, ela também se mostra igualmente como instrumento de exclusão em um país que amplia ainda mais o quadro de fragilidade social, seja por questão econômica como pela sua realidade de envelhecimento da força produtiva. Nesse sentido, mais uma vez nos vemos instados a uma ágil e criativa atuação como Justiça do Trabalho, em uma jurisdição com distâncias continentais e com uma diversidade de situações econômico sociais com distâncias abissais.”

Após a fala da presidente, o representante da ENAMAT, juiz Platon Teixeira de Azevedo Neto, desejou votos de grande sucesso aos novos administradores da Ejud8, que tem proporcionado a melhor capacitação aos seus magistrados. Juiz substituto do trabalho no TRT8, 21 anos atrás, o magistrado externou pesar pelas famílias enlutadas na pandemia. “Neste momento de início de gestões, sabemos que atravessamos tempos difíceis, e por isso não poderemos deixar de externar nossos sentimentos aos que perderam seus entes queridos e aos que ainda convalescem com a doença. Esperamos que todos se recuperem bem, e que tudo isso passe”.

E destacou as mudanças trazidas pelo ensino à distância. “Novos temas vêm à baila, as audiências telepresenciais, a lei geral de proteção de dados, o teletrabalho, exigem capacitação e aperfeiçoamento na transmissão do conhecimento porque os tradicionais cursos presenciais hoje são feitos nesse formato telepresencial, e exigindo novas formas de aprovação”, completou o magistrado.

O desembargador Walter Roberto Paro falou em seguida, e fez um breve histórico do surgimento da escola judicial, que está comemorando 20 anos de existência. O diretor destacou o lema da escola para o biênio. “A Ejud vencerá todos os obstáculos que aparecerem na sua frente na excelência da prestação dos serviços educacionais que estão sob sua competência. A atual gestão da escola tem como lema ‘uma escola de todos e para todos’, e é por essa razão que parabenizamos os nossos colegas por essas conquistas”.

Paro disse ainda que a conferência do ministro já faz parte das comemorações e foi um presente para os magistrados e servidores da JT8. “Não poderíamos deixar passar em branco a data e, para presentear os magistrados, estamos iniciando com a conferência do ministro do STF, que é um exemplo de competência ética e compromisso republicano”.

Após as mensagens de boas vindas, teve início a conferência do ministro Ricardo Lewandowski, que agradeceu o convite e propôs uma reflexão ampla a respeito do mundo atual e as perplexidades que enfrentamos com a fragilidade da democracia e as relações sociais do mundo pós-moderno.

De acordo com o ministro o novo coronavírus criou um apartheid social numa sociedade onde existem os que podem trabalhar em casa e aqueles que se expõem às mais degradantes situações de trabalho. “É preciso compreender que a democracia hoje, para além das ideologias e os partidos políticos, significa dar concreção aos direitos fundamentais. O papel dos democratas, a meu ver, é dar efetividade aos direitos da pessoa humana, tal qual está na nossa constituição e nos tratados constitucionais, e dar concreção, efetividade, com muita coragem, com muito temor”.

No chat do evento, os participantes elogiaram a palestra e parabenizaram a Ejud pela iniciativa.

A Presidente encerrou o evento reiterando os agradecimentos ao ministro. “Agradecemos ao ministro que nos concedeu o seu precioso tempo para nos fazer refletir sobre a nossa sociedade e reitero o desejo de um ano feliz, e com saúde”, concluiu Graziela Leite.