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O Ministro Gelson de Azevedo, aposentado do Tribunal Superior do Trabalho, proferiu no dia 11/04 palestra aos juízes participantes do 10º Curso de Formação Inicial da ENAMAT, na disciplina Psicologia Judiciária Aplicada.

Inicialmente, o Ministro Gelson lembrou que, quando atuava no TST, foi convidado a conhecer as escolas da magistratura francesa e espanhola, para, em seguida, participar de uma comissão e elaborar o projeto que resultou na criação da ENAMAT: “Hoje é essa Escola que vocês estão vivenciando e da qual estão participando”, afirmou.

O Ministro disse que faria uma abordagem diferente da que realizou nos anos anteriores em sua participação nos Cursos de Formação Inicial, porque falaria de sua história pessoal como magistrado.

Como primeiro tema abordado, ele discorreu sobre hipoteca da alma, fazendo analogia com o filme Cisne Negro, no qual uma mãe projeta na filha o sonho frustrado de ser bailarina e exige dela um sacrifício extraordinário. Enfatizou que “a mãe usou a técnica da culpa e a bailarina hipotecou sua alma para a mãe, deixou de ser ela mesma”. O Ministro suscitou a questão de que os magistrados “serão acossados, cobrados por outras pessoas” e disse aos alunos-juízes que “não hipotequem a alma a outras pessoas, não percam a identidade, não se deixem esvaziar”.

“Na hipoteca a si mesmo, você se hipoteca à própria vaidade. E, no momento que hipotecar sua alma à vaidade, está tão perdido quanto aquela bailarina que hipotecou sua alma à vontade da mãe. Nem a vontade do outro, nem a vontade vaidosa pessoal. São dois equívocos graves”, afirmou.

Além do tema hipoteca da alma (vaidade), o Ministro Gelson também abordou outros dois temas: a expressão da vaidade pelo poder e a inveja.

No decorrer da palestra, o Ministro, ao relatar algumas experiências vividas ao longo de sua carreira de magistrado, apresentou exemplo de reclamação trabalhista julgada quando presidiu uma Junta de Conciliação e Julgamento em Porto Alegre, para, com a situação vivenciada, sugerir aos juízes que “sempre que alguém disser que tem testemunhas, pergunte o que se quer provar com as testemunhas” e explicou que a “prova se faz com fatos”.

Como parte do tema proposto, ao falar sobre As Manifestações do Poder, o Ministro observou que é “uma outorga da sociedade para os juízes e, portanto, tem que ter um uso com a devida moderação, dentro da finalidade para a qual esse poder lhes foi entregue”. Afirmou, ainda, que esse poder se destina a “resolver conflitos de interesses nos limites que a lei estabelece”.

Após o término da palestra, o Ministro Gelson quis saber dos juízes qual dentre os três temas apresentados eles acharam mais interessante. Muitos acharam ter sido o tema hipoteca, “por ser mais desafiador”.

Em sua despedida, o Ministro Gelson lembrou aos Juízes: “o amadurecimento virá, mas procurem sempre conscientizar-se da importância social da função de magistrado”. Apresentou aos novos juízes votos de que sejam muito felizes na carreira que agora iniciarão.

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