O ministro Gelson de Azevedo, aposentado há cinco anos pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministrou aula de Psicologia Judiciária Aplicada, na manhã de hoje (19), aos 70 alunos-juízes do 12º Curso de Formação Inicial (CFI), ministrado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados do Trabalho (Enamat).

O magistrado, com a vivência de 32 anos na Justiça do Trabalho, falou das expectativas individuais e sociais no litígio trabalhista, a subjetividade do juiz laboral na relação razão X emoção e a judicialização dos atuais sintomas nas demandas trabalhistas.

Ele alertou para o excesso de vaidade na função “altamente meritória do magistrado”, lembrando-os que eles lidarão com seres humanos, dotados de seus respectivos problemas, e não personagens. Destacou que a perda da personalidade corresponde “ao ato de hipotecar a alma aos desígnios humanos”, e reforçou que o amadurecimento ocorre naturalmente, sem o exercício da soberba. O ministro falou, ainda, da importância dos vínculos afetivos e emocionais familiares e da dificuldade do magistrado de tirar a toga ao chegar em casa. 

No tocante às demandas trabalhistas, disse que o juiz não lida com verdades, e sim com a formação de versões, por meio da eliminação de divergências do ponto probatório. “A verdade já passou, e não volta. Sobra apenas o uso do senso comum e lógico, dos mecanismos do critério de razoabilidade, junto aos sensoriais, que nos aponta o certo e o errado na atuação da concretude, resultando na sentença”.

O ministro destacou a relevância dos papéis desempenhados pelos demais servidores do sistema processual judiciário, mostrando que o melhor caminho é o do entendimento e do respeito para com a humanidade.

Alertou quanto ao uso de palavras inadequadas, desnecessárias ou extravagantes na elaboração das sentenças, o que denominou de “expressões utópicas generalizantes”, tais como: rainha das provas, remédio processual, prova insofismável, divisor de águas e prova robusta, dentre ouras, e falou sobre o uso exagerado do latim em detrimento da língua pátria.  

“A magistratura é uma carreira maravilhosa, não estrague isso por escolha própria. A concorrência é natural e deve ser estimuladora à carreira. Sem soberba, com atuação voltada para a Instituição. Somos únicos na nossa individualidade”, finalizou o ministro Gelson.

Camilla Pacheco